terça-feira, 24 de maio de 2011

You is a bitch e Os livro emprestado

Toda essa discussão sobre o livro didático "Para uma vida melhor" tem me deixado bem decepcionada. A educação no Brasil tem tantos problemas que eu fico realmente tocada quando um espaço enorme é dispensado na mídia para discussões sem fundamento. Nunca usei um livro no qual estivesse escrito que "os livro" pode ser uma construção aceitável dependendo do contexto, e isso não quer dizer que frequentei uma boa escola, ou que tive bons livros.

Toda minha educação escolar aconteceu em instituições públicas e, até hoje, tenho deficiências em todas as áreas do conhecimento, do português normativo à matemática. Nunca tive um professor de física nos 3 anos do Ensino Médio porque não havia um professor qualificado. Quantas e quantas vezes eu fiquei na rua esperando o meu ônibus porque fui dispensada às 9:30 e não às 12:00 por falta de professores.

Agora, sou soterrada por comentários, links, vídeos e não sei mais o que dizendo que o MEC, o PT, o falecido Bin Laden, querem destruir o português e enganar os alunos ensinando coisas erradas.

Posso dizer com conhecimento de causa, como linguista e como alguém que vivenciou durante 11 anos o que é uma escola pública, que estão todos enganados.

Estão enganados porque, se eu tenho dificuldades para escrever, ou se me faltam conhecimentos em muitos outros conteúdos básicos, não foi por culpa de nenhum livro que buscasse desfazer preconceitos. Foi por falta de investimentos do governo, por falta de professores formados, por falta de discussões pertinentes e, principalmente, porque os defensores da língua portuguesa normativa, os que ainda acreditam num complô do governo para manter a população ignorante nunca perderam todos esses minutos que vêm perdendo agora para reivindicar uma educação de qualidade para mim.

Outro dia, eu assisti ao filme "Precisous", um filme que conta a história de uma menina americana pobre, violentada pelos pais.Num dado momento, a mãe da menina diz: "You is a bitch, man". Eu fiquei chocada e confortada. Chocada com o filme, que é triste de doer, e confortada por rever que a linguagem coloquial existe em todos os lugares, em todas as línguas. Ela existe porque as pessoas não são iguais, porque as exigências de comunicação também não são.

A norma culta deve ser ensinada, ninguém defenderia o contrário. Mas é importante que pessoas letradas, super bem alfabetizadas e diferenciadas critiquem e reivindiquem mudanças que são realmente necessárias.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

A vida dos outros

A vida dos outros tem me interessado muito ultimamente. Hoje, eu passei pelo bairro Mission, um bairro de mexicanos. Muita gente sem fazer nada, muita gente muito pobre, muitos moradores de rua. E eu fiquei me perguntando... qual seria a história de cada uma daquelas pessoas e, principalmente, quão ruim precisa ser a vida em seu país para compensar ser mendigo no país dos outros.

Eu não sei qual foi a história que trouxe cada uma dessas pessoas até aqui, qual foi a história que eles estão vivendo agora. São tantos imigrantes, de tantas feições, todos têm a sua justificativa, a sua esperança.

San Francisco é uma cidade com muitos mendigos. Uma quantidade enorme de pessoas morando nas ruas, empurrando carrinhos de supermercado. Todos devem ter uma história pra contar...