segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Os problemas dos outros

Essa postagem é antiga, esqueci de postar de verdade... mas enfim, meu problema continua o mesmo, então resolvi postar.

Hoje eu fui ao banco com o Cyril pedir um cartão pra mim. No banco, a senhorinha gerente chinesa me perguntou se eu tinha um social security number. Eu expliquei que meu visto não me autorizava a ter um. Então, ela olhou pra mim e disse: “-Ah, então você não pode trabalhar?” Eu respondi seca que não. Ela me olhou com ar de pena e completou: “Ah, então, você precisa estudar, senão você vai ficar entediada, sabe?” Eu virei pra ela e disse: “Jura? Você acha mesmo? E o que mais você acha que eu devo fazer?” Ela insistiu - acho que minha entoação de ironia em inglês não está bem calibrada -: “AH, Hoje você pode ficar por aqui, “hang out”um pouco e depois almoçar com o Cyril.” Hum???? Eu te conheço?? É mole gente?
Mas é assim, todo mundo tem uma opinião pra dar, todo mundo tem uma solução bem simples e óbvia para coisas que elas nem sabem o que é.
Isso tem me incomodado muito, embora eu também o faça. Vocês já prestaram atenção em como a gente tem mania de simplificar o problema do outro? Cada um tem seus problemas, e eles têm suas proporções medidas subjetiva e individualmente. Mas é difícil aceitar, olhando de fora, tudo parece tão banal. Sempre que eu digo que é difícil morar em San Francisco e não trabalhar, vira alguém e me diz que eu reclamo de barriga cheia e que tem tanta gente no mundo que nem tem onde morar. É, pois é, deve ser triste pra eles, mas esse aí não é o meu problema. O meu problema é outro e só eu sei a dimensão que ele tem na minha vida.
Somente o dono do problema pode atribuir-lhe um valor porque a verdade é que a gente nunca sabe o quanto o sapato do outro está apertando.
E, além disso, cada um com seus problemas, né?!