quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A ignorância

Tem algumas coisas nesta vida que eu simplesmente ignoro. Não julgo, não sei se são boas ou não, só sei que, pra mim, não são úteis. Eu não procuro conhecer ou experimentar, eu ignoro completamente. Até aí, tudo bem, cada um se interessa pelo que quiser, não é mesmo? O meu problema é que as coisas ignoradas deram pra se vingar de mim.
Eu nunca achei, por exemplo, que precisava de 50 aplicativos no meu celular. Acho inútil, ignoro a funcionalidade e não quero perder um minuto da minha pequena existência tentando entender pra que é que servem, se é que servem pra alguma coisa. Outro dia, fui fazer uma entrevista numa empresa bacaninha e o entrevistador me perguntou: “- Quantos aplicativos você tem?” Eu nem tentei mentir porque eu nem saberia o que dizer. Falei a verdade: -“Tenho 3: um tradutor, um conversor de medidas e um jogo da velha.” Os aplicativos se vingaram, e eu não consegui o emprego. Teria sido útil se eu, pelo menos, soubesse mentir sobre o assunto.
Outra coisa que eu sempre achei inútil são esses joguinhos do Facebook. Fiquei muito feliz no dia em que consegui bloquear todos os convites para colheita feliz. Perguntem! Lá vou eu, bonitinha, fazer outra entrevista. Conversa vai, conversa vem, e a pergunta menos esperada do mundo aparece: você gosta de jogar nas redes sociais? Isso é fundamental para este emprego. Pode uma coisa dessas? Cheguei em casa e desbloqueei todos os jogos e convites do Facebook, mas já era tarde, eles já tinham se vingado e eu não consegui o emprego.
É gente, como dizia um velho amigo meu, tudo é conhecimento, tudo é uma forma de cultura. Se você ignora alguma coisa, qualquer coisa que seja, você é ignorante.