quinta-feira, 28 de julho de 2011

De louco e muito louco, em San Francisco, todo mundo tem um pouco

Nunca nesses meus 30 anos de vida, eu vi tanta gente louca quanto aqui em San Francisco. Não falo de gente louquinha, meio fora da média. Não, não, eu estou falando de gente louca, louquíssima. Não sei se é um efeito tardio da era hippie, se é muito craque ou se simplesmente a vida moderna enlouquece qualquer um.
Eles estão em toda parte, falando sozinhos, xingando e andando de ônibus. Detalhe, eu também uso o transporte público. Que, diga-se de passagem, é digno de ser elogiado. Todos os ônibus se rebaixam até quase tocar o chão, assim, qualquer pessoa, com qualquer tipo de dificuldade de locomoção pode subir sem problemas. Os bancos são dobráveis, o que facilita o acesso para cadeirantes. Além disso, eles são pontuais e possuem um gancho na frente onde as pessoas podem colocar suas bicicletas. Vale dizer também que aqui todas as guias, todinhas, tem acesso rebaixado.
Ou seja, o único problema dos ônibus é a quantidade de loucos que eles transportam. Um doido que fica gritando a cada criança que entra que elas deveriam ser proibidas de entrar no transporte público, que elas só servem pra churrasco. Uma outra louca, a louca do ônibus 5, entra pela porta da frente cheia de sacolas e vai abrindo espaço xingando todo mundo até chegar no fundo do ônibus. Tudo isso pra descer no próximo ponto. É preciso fazer um comentário: aqui os ônibus param em todos os quarteirões, ninguém pode andar dois blocos... ou seja, por que raios essa criatura faz isso? Pior, eu já a vi 3 vezes fazendo a mesma coisa e gritando sempre: “-não me chame de vaca, eu estou muito puta hoje!” (Tradução educada da minha parte).
Hoje, eu decidi andar pra evitar tanta loucura. Acontece que estou eu tranquila, andando, quando uma senhora de uns 60 anos numa cadeira de rodas começa a falar comigo. Eu comecei a responder, ela me pareceu tão simpática e eu adoro conversar com pessoas mais velhas. Ela me perguntou se eu queria conhecer uma lugar bonito ali mesmo naquela rua. Eu disse que sim e segui a senhora na sua cadeira automática, super rápida. Ela me levou a um jardim, bem bonitinho, com uma fonte, um jardim tipo japonês (a fonte tinha proporções americanas). Fiquei ali um pouco com ela, depois ela me perguntou se eu poderia acompanhá-la a uma loja, eu fui. Nesse tempo que ficamos ali, ela me contou de seu acidente em 1986 e me disse que depois disso ela tinha ficado impedida de andar e que nunca mais pôde trabalhar. Quando chegamos na loja, ela me pediu pra olhar sua cadeira enquanto ela fosse ao banheiro. Eu pensei que não tinha entendido o que ela tinha dito. Mesmo assim, eu disse sim. Ela se levantou da cadeira, tirou o casaco com desenvoltura e caminhou até o banheiro. Nem mancar ela mancou, nem corcundinha ela ficou. Ela levantou e andou...
Acho que eu vou acabar ficando louca...

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